03/06/2024 às 12h09min - Atualizada em 03/06/2024 às 12h09min

Tribunal de Justiça nega liberdade a homem acusado de crimes virtuais contra autoridades em Araçuai


O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) negou o pedido de liberdade provisória a Grayston David Ferreira Vaz, de 36 anos, conhecido como Gleissão do Povo, acusado de utilizar as redes sociais dele para, segundo a Justiça, caluniar, difamar e injuriar, autoridades civis e militares de Araçuaí, no Vale doequitinhonha (MG). Ele foi preso na cidade, por policiais militares, na última quarta-feira, 29 de maio. O advogado de defesa dele, entrou com um pedido de Habeas Corpus, o que foi indeferido pelo Tribunal, através de decisão do Desembargador Dirceu Walace Baroni.

Segundo a denúncia, ele divulgou em seu perfil no Instagram, um story afirmando que o policial  militar Walison Magalhães Pereira,lotado no Batalhão da cidade, havia  adentrado em sua residência sem autorização judicial, cometendo assim “abuso de autoridade.Na mesma publicação  ele afirma que o referido policial  e a sua guarnição possuem o hábito de “agir assim com pessoas que não tem conhecimento”, e que a atuação dos policiais é cheia de ilegalidades e abusos.



Ainda de acordo com a denúncia,  Grayston David divulgou outro story no seu perfil pessoal no Instagram que “a academia de polícia militar pecou em entender alguns novatos que entram na polícia e que é necessário mais respeito com o cidadão e contribuinte [...] e se você estiver achando que sou algum bandido e que tenho
medo de você eu moro na Rua.....( divulgou o endereço dele)... dá um pulinho aqui na porta, pode fazer
alguma ocorrência e o que você quiser, ou o cara crachá se você quiser [...] e que no caso quem tem medo é você e não eu”,. De acordo com a denúncia o  conteúdo  foi considerado  como ofensa à dignidade, honra e a moral da vítima.

A delegada de plantão, Ana Beatriz Neves Chiarotto, acatou a prisão por  considerar que nas duas publicações Grayston cita expressamente o nome do militar  e até o menciona no story, não deixando dúvidas de que, segundo  a  delegada , a intenção era denegrir a imagem do policial, ofendendo a sua honra através da rede mundial de computadores, além de tentar descredibilizar a atuação deste perante à sociedade local.

Em outro momento,  Grayston segue comentando sobre a atuação da Polícia Militar na região e chega a informar que “não tem medo, que o que for melhor come o outro [...] não bata de frente não que o sistema aqui é bruto [...] seu perfil é fechado, moído, eu abri o meu para que todos vejam, eu gosto é do problema”, - publicou.

Na denúncia consta ainda que  ele  usou do seu perfil nas redes sociais  para insinuar  que os funcionários da Delegacia de Polícia Civil de Araçuaí  cometem crime de prevaricação citando expressamente o nome do Delegado Titular da unidade. O crime de prevaricação é uma situação em que um titular de determinado  cargo público , conduz ou decide um processo em que intervém, no âmbito das suas funções, com o objetivo de,  prejudicar ou beneficiar alguém. 

Para a delegada, Grayston David é conhecido nos meios policiais, responde por dois outros processos pelo cometimento do crime de difamação contra membros da segurança pública,  e utiliza-se corriqueiramente das suas redes sociais para tentar descredibilizar a  atuação das instituições.

O outro lado 

A defesa de Graydston argumenta que tudo começou a partir de postagem do Sargento Walison, que publicou uma foto dele (Graydston), com comentários ofensivos, de modo que a  prisão foi motivada por questões pessoais,  e  pede a imediata  instauração de inquérito para apuração de possíveis condutas irregulares  dos
policiais militares e civis .Pondera ainda que a tipificação dos delitos atribuídos ao  suspeito está incorreta, já que “Grayston não tinha a intenção de prejudicar a honra ou a reputação do Sargento Walison, mas sim de criticar a atuação da polícia em Araçuaí e defender o cunhado da atuação policial que ele considera abusiva”.
A Polícia não quis comentar as declarações. Graydston foi encaminhado para o presídio Carlos Vitoriano em Araçuai. A defesa deverá recorrer da decisão do Tribunal de Justiça.

Gazeta de Araçuai

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