17/06/2022 às 10h33min - Atualizada em 17/06/2022 às 10h33min

Trecho da antiga estrada de ferro Bahia-Minas, inspira rota turística

Um grupo de 15 ciclistas inaugura nesta quinta-feira (16/6), feriado de Corpus Christi, uma nova rota de cicloturismo em Minas. Eles vão “pilotar” suas bikes de Araçuaí, a 600 km da capital mineira, até o município de Carlos Chagas, no Vale do Mucuri, no 1º Pedal da Rota Bahia-Minas, um percurso de aproximadamente 340 km seguindo os antigos trilhos da antiga linha férrea que transportava as madeiras do Vale do Jequitinhonha ao Sul da Bahia.
 
A linha, à qual os moradores referem-se carinhosamente como “Baiminas”, foi inaugurada em 1881 e desativada em 1966 e conectava a cidade mineira a Ponta de Areia, o porto baiano do distrito de Caravelas. Em seu auge, entre 1935 e 1944, os vagões chegaram a transportar em torno de 174.161 toneladas de carga e cerca de 370 mil passageiros. O abandono da estação inspirou os parceiros Fernando Brant e Milton Nascimento a compor a música que leva o nome do porto.
 
A estrada de Ferro Bahia-Minas deixou de ser verso para ser agora cenário de uma nova rota turística. Os novos viajantes vão resgatar as memórias da antiga estrada de ferro através das pedaladas. O percurso, autoguiado, que pode ser feito também a pé ou de carro, passa por seis cidades ­– Araçuaí, Novo Cruzeiro, Ladainha, Poté, Teófilo Otoni e Carlos Chagas –, todas parceiras, ao lado do Sebrae Minas e de outras instituições, na rota.
 

Projeto

 
O projeto começou há cerca de dois anos, explica Jeferson Batalha, analista do Sebrae, com o diagnóstico e o mapeamento dos atrativos, a capacitação da comunidade e dos receptivos locais e a testagem do percurso. Também foi realizado um trabalho de governança para tornar a rota autossustentável. “Hoje, empreendedores, como locadoras de bikes, bares, restaurantes e fazendas, podem, eles próprios, fazer a gestão da rota”, salienta Batalha.
 
Para a inauguração da rota, o Sebrae abriu vagas na plataforma Sympla para o 1º Pedal da Rota Bahia-Minas, com número limitado a dez participantes. 
 

Experiências

 
No percurso, os ciclistas encontram pontos de apoio e atrativos ou experiências. “Esse é o primeiro produto da região totalmente estabelecido. Pela primeira vez, vamos fazer um pedal inteiro para conhecer toda a infraestrutura e pontos de apoio. O ciclista vai conhecer a história da ferrovia, degustar a gastronomia local, se hospedar em fazendas ou pousadas, visitar as cachoeiras e se deslumbrar com as paisagens”, descreve Batalha. 
 
A vegetação também muda durante o percurso: da floresta de araucária, numa região seca e quente, ao município de Novo Cruzeiro, com temperaturas amenas, e Ladainha, com Mata Atlântica, experimentam-se novas paisagens. “Estamos numa região de cultura rica. Dos repentistas da Ciranda de Queixada às rodas de viola até um grupo de teatro musical”, conta. Há, ainda, visita a alambiques, à cachaçaria Boralina, a museus e a fazendas seculares.
 

Autoguiada

 
Pelo caminho, a cada 30 km, além de túneis e pontilhões, depara-se com os prédios das antigas estações bem-conservados. “Muitos municípios decidiram restaurar as estações por conta da rota”, conta Batalha. “Queremos mostrar todo esse potencial e também dar um novo propósito para as pessoas que ali vivem”, acrescenta. É o caso de dona Neia, que antes saía da região em busca de trabalho e agora recebe os turistas em sua casa, em Ladainha.
 
A nova rota pode ser percorrida por qualquer pessoa, porque não possui aclives ou declives acentuados. Não exige, portanto, esforço físico. Percorre-se, em média, 50 km a 60 km por dia durante quatro ou cinco dias. O final do trajeto é no município baiano de Carlos Chagas, porque o percurso restante, até Ponta de Areia, em torno de 200 km, é todo asfaltado e não indicado para ciclistas por causa do movimento de carros da rodovia e da falta de segurança.
 
Para se guiar na Rota Bahia-Minas, o ciclista tem o auxílio do site Rota Bahia-Minas, com informações sobre o trajeto e a possibilidade de agendamento das visitas aos pontos de apoio, entre eles moradores que recebem e hospedam os visitantes. “Tem gente que nunca tinha recebido em sua propriedade e criou um novo negócio, uma renda”, pontua Batalha. Há, ainda, a opção de contratar um pacote com o receptivo Trilhas (@trilhasevento), ao custo de R$ 1.800 por pessoa.

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