Mas nem tudo era apenas pobreza, pois, o povo do Vale tinha e tem uma riqueza cultural invejável, o que deixou o frade estupefato.
Durante a sua permanência como pároco da Diocese de Araçuaí, Frei Chico acumulou mais de 15 mil folhas que registravam a cultura relacionada com a fé e a espiritualidade daquela gente. A essa rica pesquisa, o frade somou outras realizadas em Portugal, onde foi em busca de arquivos, tentando achar caminhos que o levassem a compreender melhor a sabença do povo simples do Vale do Jequitinhonha. Acabou coroando seu trabalho de longos e incansáveis anos de pesquisa com o lançamento do Dicionário da Religiosidade Popular: Cultura e Religião no Brasil, além de outros 5 livros de cultura popular, com a ajuda da inseparável amiga, a artesã Lira Marques.
Em Araçuaí, fundou o Coral Trovadores do Vale que percorreu Brasil afora e outros países. Era um dos grandes incentivadores da secular festa da Irmandade dos Homens Pretos do Rosário de Araçuaí, e todos os anos, ajudava a celebrar a tradicional Missa da Festa do Rosário.
Frei Chico era membro do corpo docente do Instituto Jung, em Belo Horizonte, do Conselho do Centro da Memória da Medicina, na UFMG, do corpo docente do Instituto Santo Tomás de Aquino, de teologia, da Comissão Mineira do Folclore, do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, da Ordem dos Músicos do Brasil. Era formada em Teologia, na Holanda, licenciado em filosofia, em São João del Rei (MG).
Em Araçuaí, o museu leva seu nome e da artesã Lira Marques.
O sepultamento deverá ocorrer em Araçuaí, no cemitério da Irmandade do Rosário. O prefeito Tadeu Barbosa, decretou luto oficial por 3 dias no município.
Gazeta de Araçuaí