Botânico que citou fundadora de Araçuai em seu livro de 1830, era espião da França, dizem historiadores

A viagem do botânico e naturalista francês , Auguste Saint Hilaire, tinha entre seus objetivos a espionagem sobre riquezas naturais do país. É o que hoje poderia se chamar,de biopirataria. A conclusão é de historiadores brasileiros e parte desta afirmativa pode ser observada através da leitura de sua biografia publicada na internet através da Wikepedia,  a enciclopédia livre eletrônica do mundo.

Saint Hilaire foi o primeito cientista a visitar terras que originaram o município de Araçuai. Ele relatou seu encontro com a mulata Luciana Teixeira, considerada a fundadora de Araçuai, que lhe deu hospedagem na Fazenda Boa Vista às margens do Rio Araçuai, na confluência com o Córrego Calhauzinho.

Segundo a pesquisa, com ajuda da Igreja Católica e de Maller, cônsul francês estabelecido no Rio de Janeiro, ele enviou inúmeras caixas de plantas vivas colhidas nos arredores do Rio de Janeiro para as ilhas da Martinica e Caiena e dali para as colônias francesas.

Em sua viagem pelo Brasil, Saint Hilaire colecionou 30 mil exemplares de plantas e 7 mil espécies ( 4.500 delas, até então desconhecidas ). A  maioria foi remetida para o Museu de História Natural de Paris onde ele mais tarde tratou de classifica-las em ordem de importância, editando seu trabalho com fartas ilustrações..

UM VIAJANTE EXEMPLAR

O botânico Saint Hilaire veio para o Brasil em 1816, acompanhando a missão do Duque de Luxemburgo, que tinha por objetivo resolver o conflito entre Portugal e França com relação à Guiana Francesa.

Para ele, enviar plantas brasileiras para a Europa era algo justificável, uma troca e não um roubo, pois sendo útil para os franceses, estaria ao mesmo tempo, sendo útil aos brasileiros, pois tais conhecimentos passariam a fazer parte do universo da ciência.

Durante o tempo de sua viagem, nada escapou ao seu olhar: fauna, flora, a gente que aqui vivia, costumes, índole e caráter, lendas e tradições, o regime, a política, a história e suas instituições.


LIVRO É ÚNICA FONTE DE PESQUISA SOBRE A EXISTÊNCIA DE LUCIANA TEIXEIRA.

Viagens às Provincias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, foi publicado pela primeira vez na Europa em 1830. É nesse livro que Saint Hilaire narra sua chegada à Araçuai, em 1817, vindo de Minas Novas, passando por Sucuriú, hoje Francisco Badaró. Ele se hospeda com uma mulata de mais ou menos 60 anos, chamada Luciana Teixeira,, dona da Fazenda Boa Vista da Barra do Calhau, cuja casa tinha vista para uma ilha no meio do Rio Araçuai. Saint Hilaire narra o Dia de Pentecostes na fazenda, quando ali um padre rezou uma missa e logo após a cerimônia religiosa, Luciana Teixeira serviu a mesa por várias vezes para dar comida a todos.

Segundo a narrativa de Saint Hilaire, após dias de hospedagem na fazenda, Luciana não quis nada em troca a não ser papel e lápis, como pagamento da hospedagem dele e da tropa.
O livro é um grande clássico de caráter didático. Foi lançado no Brasil em 1938. Há poucos exemplares no Brasil, o que o torna o livro uma raridade.