A pandemia de covid-19 criou dificuldades para a comercialização da produção agrícola do Vale do Jequitinhonha. A região também sofreu impacto na saúde, assistência social e ocupação, quando muitos migrantes, até então estabelecidos em outras cidades, perderam seus empregos e regressaram.
Essas e outras implicações constam do estudo Efeitos da covid-19 sobre agricultura familiar, alimento e água no Vale do Jequitinhonha mineiro, desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG.
O estudo, realizado durante um ano, abrangeu 12 municípios da região: Turmalina, Veredinha, Carbonita, Leme do Prado, Minas Novas, Chapada do Norte, Berilo, Araçuaí, Medina, Almenara, Ponto dos Volantes e Itamarandiba.
Pressão provocada pela migração
Cerca de duas mil pessoas retornaram, entre abril e dezembro de 2020, para o município de Carbonita, onde viviam 9.423 habitantes antes da pandemia. Em Chapada do Norte, a circulação do vírus nas comunidades rurais foi atribuída ao regresso de cidadãos que viviam em grandes centros.
“Em muitas localidades, esse deslocamento pressionou as fontes de abastecimento de água para a população, que já eram precárias”, informam os pesquisadores em um trecho do documento.
Também chamaram a atenção dos pesquisadores algumas iniciativas públicas empreendidas pelas prefeituras das cidades da região para mitigar as consequências econômicas e sociais da pandemia. Em Veredinha, Berilo e Turmalina, por exemplo, sob o guarda-chuva do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), produtos da agricultura familiar foram comprados pelas prefeituras para compor cestas que foram distribuídas a instituições de assistência social e a famílias vulneráveis.
Entre os autores do estudo, apoiado pelo CNPq, estão os pesquisadores vinculados à UFMG Eduardo Ribeiro, Giovanni Fonseca, Roberto Nascimento, Juliana Fagundes, Vanessa Fonseca, Érick Simão, Patrícia Correia, Francine Araújo, Lucas Rocha, Wellyngton Polli e Amanda Lelis. A professora Flávia Galizoni coordenou o projeto.
O trabalho reuniu também pesquisadores do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), do Centro de Agricultura Vicente Nica (CAV) e do Instituto de Trabalhadores e Trabalhadoras do Vale do Jequitinhonha (Itavale).
Matheus Espíndola