25/10/2023 às 18h05min - Atualizada em 25/10/2023 às 18h05min

Na Arábia Saudita, CEO da Sigma, Ana Cabral, fala da importância do lítio

Revista Exame

O Brasil ocupou uma posição de destaque numa das principais discussões do primeiro dia da Future Investment Initiative (FII), conferência promovida anualmente pelo príncipe da Arábia Saudita Mohammad Bin Salman e que se consolidou como a “Davos do Deserto”.

Na terça-feira (24), a parte da tarde do evento – que recebeu CEOs do calibre de Jamie Dimon, do JP Morgan pela manhã – foi dedicada a discutir vários aspectos da transição energética. Num painel intitulado “Os metais que movem o mundo” (em tradução livre), dois brasileiros foram sabatinados: o CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, e a fundadora e presidente do conselho da mineradora de lítio Sigma Lithium, Ana Cabral.

Mais do que minério de ferro, o foco da apresentação de Bartolomeo era a área chamada de metais básicos, que reúne a produção de níquel, cobre e outros metais necessários para eletrificação e fabricação de baterias.
 

Há pouco mais de dois meses, a Manara Minerals – uma joint venture entre o PIF, fundo do soberano saudita com um a mineradora local – comprou uma fatia de 13% do negócio de metais básicos da Vale, por R$ 3,4 bilhões, em conjunto com a gestora americana Engine Nº1.

O negócio sofreu um spin-off dentro da Vale, como forma de dar mais agilidade à divisão, ainda menor quando comparado ao core business da mineradora brasileira, mas que deve ver a demanda crescer a taxas exponenciais em meio à transição energética, disse Bartolomeo.

 
 

“O que atraiu a Manara primeiro foi a velocidade, porque o negócio não está mais numa grande companhia focada em minério de ferro. Segundo, foi a pegada de carbono, porque o consumidor quer uma cadeia de fornecimento responsável. E, por último, nossa localização, com a tendência de friendshoring”, afirmou o CEO. A sede da Vale Base Metals fica no Canadá, onde acontece a maior parte da produção.

 

Bem menos tradicional que a Vale, a Sigma Lithium apareceu como um dos expoentes da nova leva de mineradoras – no caso, produzindo um dos metais mais utilizados para a fabricação de baterias, o lítio.

Com a exploração concentrada no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, a Sigma conseguiu em pouco mais de seis anos pavimentar o caminho para se tornar uma das principais produtoras de lítio do mundo, utilizando um método de barragem a seco que produz menos resíduo e tem uma pegada de carbono menor.
 
A mineradora, colocada de pé pela gestora de private equity A10, de Ana Cabral e Marcelo Paiva, já foi cortejada por empresas como a Tesla, de olho em garantir o acesso a matérias-primas para baterias. E há pouco mais de um mês anunciou que está oficialmente à venda, com o conselho avaliando uma série de propostas – de empresas de energia a montadoras.
 
A principal questão é preço. Sem tocar no assunto da venda, Cabral afirmou que no mercado, os investidores ainda subestimam o potencial da transição energética para mineradoras.
 
“Essas ações [de mineradoras de metais críticos para transição] são ações de crescimento, mas os investidores as precificam como se fossem ações de dividendos”, disse a empresária. Para ela, apesar de a Sigma gerar caixa e ter acesso ao mercado de dívida, esse custo de capital próprio elevado diminui a atratividade dos novos investimentos no setor, num momento em que o mundo precisa dessa oferta.
 
“Se as projeções de crescimento de carros elétricos e capacidade de baterias se materializarem até 2030, a oferta da maior parte desses metais vai ter que crescer cinco vezes. Seis anos no tempo de mineração é praticamente amanhã”, afirmou.
 
“Vamos precisar de mais 30 – 34 para ser exata – Sigmas para dar conta da demanda. Como vamos fazer com que elas surjam?”
 
Hoje, a Sigma é avaliada pouco menos de US$ 3 bilhões na Nasdaq e na Bolsa de Toronto, praticamente estável no ano, mas com queda de 30% em 12 meses.
 
A mineração é um dos setores de interesse dos sauditas no Brasil, conforme sinalizado por uma comitiva que passou pelo país em agosto -- e que acabou se traduzindo no maior interesse de brasileiros pelo fórum que está na sua sétima edição.
 
Neste ano, apesar do aumento das tensões no Oriente Médio, uma comitiva de mais de 60 empresários e executivos partiu rumo a Riad, para o que até então era um evento fora do radar da alta cúpula das empresas brasileiras.

 


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