A Sigma Lithium, companhia de mineração e industrialização de lítio grau bateria com operações no Vale do Jequitinhonha (MG), anunciou na noite de quarta-feira (1º) que seu programa de exploração de recursos minerais apontou potencial aumento, ao montante de 110 milhões de toneladas, nas reservas de suas concessões situadas em Araçuaí e Itinga. Segundo a empresa, em comunicado, o programa conduzido junto com a SGS Canada indicou potencial de recursos minerais para a chamada fase 4 de produção de lítio no projeto Grota do Cirilo.
Desde abril, a empresa já opera a fase 1 e finaliza estudos para implantar as fases 2 e 3. A Sigma informa que elevou o potencial de exploração da fase 4 para aproximadamente 26 milhões a 30 milhões de toneladas de minério de lítio em seus corpos de minério (tipo pegmatitos). Destaca que é um “aumento potencial significativo de 25% na estimativa de recursos minerais” no Grota do Cirilo.
Os resultados, acrescentou a companhia, serão incorporados em um relatório técnico atualizado, em conformidade com o NI 43-101 (normas do Canadá, país em que a empresa está sediada, em Vancouver), previsto para ser lançado neste quarto trimestre.
O relatório técnico atual, de junho, reporta estimativa de recursos minerais composta por 77 milhões de toneladas de recursos minerais medidos e indicados e 8,6 milhões de toneladas de recursos inferidos, ambos com classificação de 1,43% de óxido de lítio (Li2O).
Ana Cabral, CEO da Sigma e copresidente do conselho de administração, comentou que “o incrível sucesso da campanha de exploração estabelece a Sigma Lithium como uma das maiores empresas de lítio do mundo".
"A Sigma é atualmente um produtor em grande escala e de baixo custo, mas também tem estimativas de recursos minerais que ultrapassam potencialmente 110 milhões de toneladas de depósitos a céu aberto. Esta escala sublinha a nossa relevância estratégica para nos tornarmos a base de cadeias de abastecimento globais que proporcionarão a descarbonização das baterias EV [veículos elétricos].”
Na fase 1 do projeto Grota do Cirilo, a Sigma começou a produzir em abril deste ano, após investimentos de US$ 130 milhões. A capacidade produtiva é de 270 mil toneladas de concentrado de lítio grau bateria, em produção sustentável e sem uso de produtos químicos no processo. A empresa já embarcou, pelo porto de Vitória (ES), três cargas de lítio, totalizado 57,5 mil toneladas de concentrado, sendo duas delas por meio da trading Glencore. O destino são companhias refinadoras baseadas na Ásia, principalmente China.
A meta é embarcar 130 mil toneladas até o final de 2023. Para as fases 2 e 3, são previstos mais US$ 154 milhões de investimentos para instalar novas unidades de processamento do mineral, resultando em um produto pré-químico, granulado. Quando estiverem em operação, a capacidade total de produção sobe a 766 mil toneladas de concentrado por ano, o equivalente a 104,2 mil toneladas de carbonato de lítio (LCE).
No comunicado, a Sigma informa que identificou novos depósitos de pegmatitos em suas concessões de pesquisa e exploração. Avaliase que poderiam render até 20 milhões de toneladas de recurso minerais adicionais numa potencial fase 5 de produção.
Na quarta-feira, a empresa anunciou que o processo de revisão estratégica das suas operações — divulgado em setembro — avançou para a etapa final de conversas com interessados e reiterou o compromisso de finalizá-lo até o final deste ano. Na época, a Sigma informou que a revisão estratégica dos negócios se devia ao fato de ter recebido diversas propostas de aquisição de companhias globais, tanto por 100% da empresa quanto pela subsidiária Sigma Brazil e pelo próprio projeto Grota do Cirilo. Fontes ouvidas pelo Valor dizem, todavia, que uma potencial operação de venda, mais factível, será por 100% da companhia. A Sigma é listada nas bolsas de Toronto (TSX.V) e de Nova York (Nasdaq).